Conselhos úteis que nunca recebi:

Conselhos úteis que nunca recebi:

Tire a fralda em frente à água. Muita coisa acontece no pequeno percurso trocador - banheiro.

Não pronuncie frases que incluam: dormiu, horas, seguidas.

Não se abandone. Tudo bem se você está mais para calça de moletom e camiseta da 3ª cervejada da turma. Mas mantenha pelo menos um hábito seu. Algo familiar em meio à novidade. Banho pela manhã, almoço com a mesa posta, cabelo seco com secador.

Compre a memória extra da nuvem, do Dropbox, do HD externo. Você usará muito mais do que os macacões chiques de fio que tem uns botõezinhos pequenos pra caceta e que são uma praga para desabotoar.

Não existe o “vou ali bem rapidinho, não vou nem levar bolsa de fraldas.” É nesse dia que o seu bebê caga até as costas, a nuca, a canela, os braços.

Suas roupas eventualmente voltarão a servir. E, quando acontecer, você se sentirá estranha mesmo assim. O que mudou não foi apenas o corpo e esse é o início de uma longa jornada. Tenha paciência e amor pelo milagre que viveu e vive. Abuse da gentileza.

Cole nas mães. Faça amizade com as mães do parquinho, da roda, do grupo de WhatsApp. Rede de apoio, às vezes, funciona como a redinha de circo que fica embaixo do trapezista. Até quem é profissional em fazer malabarismos cai quando menos se espera. Tenha quem te segure.

Escute, filtre, absorva, releve. Use esse ciclo para todo conselho que receber.

A pergunta “Olha aqui se ele está com cocô?” é uma cilada, Bino. Quem acha é quem troca.

Não importa quantas vezes você cheire o pescoço do seu bebê, será impossível guardar a sensação. Por que evapora da memória? É desse jeitinho que a natureza te convence a ter mais um.

Perdoe. Perdoe sua mãe que quer ajudar demais e acaba atrapalhando. Perdoe a sogra que deu um pitaco que não agradou. Perdoe o avô empolgado que não passou o álcool gel como você queria. Perdoe o excesso de amor. Instrua, mas perdoe. Se perdoe.

Você irá errar. Inúmeras vezes. Faz parte do processo. Leia o conselho anterior.

O primeiro ano é o piscar de olhos mais lento que você irá viver. E os dias difíceis mais bonitos que irá recordar.

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Este texto foi retirado do livro "60 dias de Neblina" da autora Rafaela Carvalho, clique aqui para comprar.

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