Eu abria o guarda-roupa e metade do que estava ali não me pertencia.
Havia conversas parando de fazer sentido. E pessoas. E hábitos. E lugares. Repentinamente passei a ser diferente de mim, se é que isso soa direito.
“Uma estranha de mim mesma.”
Por um bom tempo me procurei. Refletia enquanto colocava o pão de um filho na torradeira e me fazia perguntas enquanto tirava o carrinho do porta-malas. Pouco entendia que, nessas redescobertas, o excesso de questionamento nos agarra ainda mais na sensação de “estou perdida.” Vira um ciclo vicioso. Porque é desafiador encontrar respostas na inércia de si.
Mas, quando largamos os tantos pensamentos e agimos, por menor que seja, por mais modestos que os primeiros passos possam parecer, uma coisa vai puxando a outra pela mão. Você inicia algo novo, que depois te leva para algo diferente, que te faz enxergar outra coisa, que abre janelas para outra. E sem planejar, sem nem se lembrar de como chegou até ali, você acaba esbarrando em pistas, respostas e ideias que te aproximam de si. Reencontra objetivos e descobre novos interesses.
Se você se sente perdida, comece.
Comece de algum lugar.
Comece com um movimento.
Desapegue da crença de que a primeira movimentação deve estar alinhada com um objetivo específico.
Tire temporariamente o peso de ter que escolher uma direção que durará para sempre e apenas comece.
O interessante da vida é que um dia a gente finalmente percebe que grande parte dos nossos passos são apenas caminhos e trilhas.
Não o nosso destino final.
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