Enquanto eu a empurro no balanço de novo, e novamente, e mais uma vez, me vêm à cabeça todas as mães que tiveram que se despedir dos seus filhos cedo demais. E em silêncio o meu coração aperta.
De madrugada, quando o meu filho do meio decide que quatro da manhã é um bom horário para começar o dia, eu respiro fundo. Eu reviro o meu corpo em busca de disposição. E eu o faço pensando nelas. Nessas mães.
Nos longos fins de tarde, com uma criança chorando e me seguindo pela cozinha, enquanto eu corto cenouras em finas rodelinhas, eu procuro sorrir. Em homenagem a elas.
De manhã cedo, quando minha caçula se revolta mais uma vez contra a cadeirinha do carro, eu respiro. Respiro fundo. E penso nelas. Quando a lasanha no forno queima, quando eu chego em casa e encontro a lancheira com a lição em cima da mesa, quando o xixi vaza na roupa, quando me perguntam a mesma coisa pela décima vez, quando tudo parece ser um complô contra a forma como eu quero maternar. Quando nada sai do jeito que eu programei. Em todos esses momentos eu me esforço bravamente para me lembrar delas. De todas essas mães que dariam cada pedacinho do corpo e da alma para estar vivendo tudo isso. E que, por motivos que ainda não conseguimos compreender, não tiveram a chance.
Que presente é este que nos é dado! Que oportunidade é esta que temos em nossas mãos! De criar nossos filhos. De viver com eles os dias de neblina com todas as frustrações, a bagunça, o cansaço, as lágrimas, as brigas, as batalhas. Assim como os dias de sol, repletos de sorrisos e instantes que fazem o coração bater pelo ano inteiro.
Criar nossos filhos não passa de uma grande benção. Dádivas. Nossos problemas nada mais são do que dádivas.
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