O limite serve para organizar. Sim! Ele é organizador! Todos nós precisamos de limite, e com a criança não é diferente. O limite pode servir para dizer o que pode e o que não pode, o como, o quando, o onde, a hora de parar, a hora de continuar. Mas uma das coisas mais bonitas que o limite faz é ajudar a criança a se organizar por dentro.
O limite externo ajuda a construir limites internos e isso se reflete na maneira que a criança se relaciona com ela mesma, com os outros e com o mundo. O limite ajuda a construir um olhar empático, a civilidade e a boa convivência, não somente pelas regras, mas pelos limites internalizados que nos ajudam a nos relacionarmos de forma respeitosa e saudável com as pessoas ao nosso redor.
Mas ele também ensina a ter cuidado com a gente mesmo, a nos respeitarmos, seja nos posicionando diante do outro, dizendo até aonde ele pode ir e qual é o nosso limite, ou mesmo, ouvindo os limites do nosso próprio corpo: pare e vá descansar, desligue a TV e vá dormir, saia do celular e vá dar uma volta no parque.
O limite está diretamente relacionado à persistência, ao foco, à responsabilidade, ao compromisso, a saber adiar gratificações imediatas e trabalhar nas suas metas a longo prazo.
Limite demais te paralisa, mas a falta dele faz você se perder pelo caminho. Com a criança é exatamente igual. Quando não tem limites na medida certa, todos perdem.
Costumo dizer aos pais que a criança sem limite transborda e acaba se perdendo de si mesma. Acaba se perdendo de tudo o que ela pode vir a ser, de toda a sua potência, de crescer, se relacionar, construir vínculos saudáveis, buscar seus sonhos, objetivos e ter orgulho de quem ela é. Limite, na medida certa, ensina seu filho a crescer por dentro.
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Trecho retirado da carta às famílias que acompanha o livro infantil "E agora, Dora?", da autora Jessica Marzo. A carta é assinada pela psicóloga Patrícia Nolêto de Campos.
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