Ao invés de dizer: “Você é muito relaxado! Faça o favor de guardar suas coisas como eu já pedi três vezes” não é pedir de maneira “humana”, é apenas repetir padrões de nossa infância que envolvem acusações, sermões, julgamentos e rótulos.
Um pedido mais humano considera:
• A fase da criança: sua idade e nível de treino. Não adianta esperar que uma criança de dois anos sempre se lembre de guardar seus brinquedos ou saiba dobrar sozinha sua roupa;
• Razoabilidade: é a adequação da expectativa que temos antes de fazer um pedido. Esperar que uma criança de três anos sempre guarde todos os seus brinquedos sem pedido ou envolvimento do adulto não é razoável. Esperar que crianças abaixo de sete anos nunca briguem não é razoável. Esperar que uma criança nunca chore, grite ou bata não é razoável. Não é por isso que vamos deixá-la fazer isso tudo. Só adequamos as expectativas antes de fazer pedidos a elas e de direcionar seu comportamento para algo aceitável;
• Urgência: é o nível de rapidez com que esperamos que ela faça algo, que também precisa ser adequado. Em geral, queremos que as crianças se adequem totalmente a nosso tempo, nossa pressa, nossa rotina;
• Escolhas da criança: oferecer escolha sobre o quando ou o como ela pode realizar o que vamos pedir é sempre melhor;
A criança que queremos ajudar a formar:
• Autorresponsabilidade do adulto: é não culpar, rotular ou julgar a criança ao fazer o pedido. “Eu não consigo lidar com toda essa bagunça, você quer começar a arrumar pelo chão ou pela mesa?” é melhor que “Você é muito bagunceiro, nunca ouve o que eu falo”;
• Nível de conexão anterior: o adulto deve considerar se, no tempo que passa com a criança, só há pedidos, ordens e tarefas, ou se há diversão, que permite que ele se nutra emocionalmente com ela. Isso pode determinar o nível de colaboração da criança com bastante acuracidade;
• Clareza: “É necessário que você pegue essas roupas e guarde ali dentro daquela gaveta” é melhor que “Arrume essas roupas”;
• Leveza: “O monstro da arrumação já passou por aqui ou ainda está com preguiça?” é melhor que “Você é muito preguiçoso”;
• Identificação: “Eu também tenho preguiça e muitas vezes faço com preguiça mesmo”;
• O objetivo nu e cru por trás do pedido: “Eu te amo e não quero que você se machuque”, “Sou sua mamãe e minha responsabilidade é te ajudar para que você aprenda”, “Eu não posso deixar você fazer isso porque te amo e quero você bem” são frases que mostram nosso objetivo verdadeiro antes de fazer um pedido, trazendo mais chance de ele ser aceito sem brigas.
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Trecho retirado do livro "Nossa infância, nossos filhos", da autora Thais Basile.
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